Uma Tabela Periódica diferente..

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domingo, 10 de outubro de 2010

Química forense.... notícia 1

Insectos ajudam a desvendar homicídios...

"- Vocês acharam o corpo numa floresta?
- Não. Num descampado!
- O homicídio não ocorreu lá. Tudo indica que foi dentro duma mata fechada.
O biólogo José  Luz, da Universidade de Brasília, fornecia uma informação importante para os peritos. Ele não precisou examinar o corpo. Bastaram algumas larvas obtidas do cadáver. José pertence ao restrito grupo de brasileiros que se dedicam à entomologia forense - ciência dos insectos aplicada à solução de crimes.
Um assassino, no interior de Minas Gerais, arrancara dedos, dentes, olhos, orelhas e nariz do cadáver. Sem conseguir identificar a vítima, os policiais utilizaram a pista do biólogo para procurar o criminoso nas cidades vizinhas: as larvas pertenciam a espécies da mata e não havia florestas no município onde o corpo foi encontrado.
"As larvas de moscas já têm 2 centímetros", observa Watson. "Isso significa que a morte ocorreu há 10 ou 12 horas." No filme Sherlock Holmes, de 2009, o amigo do famoso detective exemplificou o principal uso da entomologia forense: a estimativa do intervalo decorrido entre a morte e a descoberta do corpo - uma variável conhecida como intervalo post-mortem.
"Os insectos funcionam como um cronómetro", aponta Arício Linhares, da Universidade Estadual de Campinas, considerado o iniciador da entomologia forense no País. Graças ao seu aguçado olfacto, as primeiras moscas chegam poucos minutos após a morte. Normalmente, depositam os ovos em locais protegidos, como os ouvidos, o nariz ou a boca. O tempo de desenvolvimento das larvas depende da espécie do insecto e da temperatura. Depois de 72 horas, as previsões para intervalo post-mortem obtidas por critérios médico-legais tornam-se muito imprecisas. É quando a entomologia forense surge como uma alternativa interessante.
Janyra Costa, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, no Rio, recorda quando foi chamada para periciar um homem enforcado. Apesar do rosto desfigurado, o corpo apresentava um estado incomum de conservação. Confusos, os legistas apostavam numa morte recente. Ao investigar os insectos, Janyra percebeu o erro. As larvas mais velhas, aquelas que os peritos criminais procuram em primeiro lugar, testemunhavam uma morte ocorrida há semanas. Linhares lembra o caso de uma menina encontrada morta num canavial no interior de São Paulo. O cadáver já não permitia uma estimativa precisa do momento do crime. O médico-legista arriscou que o crime havia acontecido no fim de semana anterior. O palpite inocentava o namorado da vítima, que possuía um álibi para o período.
A equipe da Unicamp contestou: os insetos mostravam que o crime ocorrera dias depois, durante a semana. "Devolvemos o namorado à cena do crime", afirma o pesquisador. O rapaz acabou por confessar o assassinato.
Linhares procura funções matemáticas que permitam, com base na espécie, na temperatura ambiente e no peso das larvas, determinar a sua idade.

Pupas
Claudio Von Zuben, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, também recorre à matemática para encontrar protocolos que facilitem a vida dos peritos.
No fim do período larval, os insectos costumam deixar o cadáver e procurar o solo, onde se enterram, transformando-se em pupas. Só depois emergem como formas adultas e aladas. As pupas são importantes para a perícia, pois costumam ser mais velhas que as larvas e, por isso, oferecem uma estimativa mais precisa do intervalo post-mortem.
"Não faz sentido o perito remover duas toneladas de terra para encontrar pupas", aponta Von Zuben, que desenvolveu protocolos periciais para a tarefa de achar pupas com o mínimo esforço e o máximo resultado.
Alexandre Uruhary trabalhava no laboratório de Pujol, na UnB, quando foi chamado para auxiliar a perícia dos locais relacionados a um crime que chocou Brasília. "Chegando lá, vi que os insectos contavam uma história com muita clareza", afirma Uruhary.
Policiais procuravam uma jovem desaparecida. Acompanhando de longe a investigação, o assassino percebeu que chegavam cada vez mais perto do corpo e resolveu escondê-lo noutro lugar. Uruhary não teve dúvidas ao ver um local repleto de pupas de moscas Chrysomya, as primeiras a colonizar o corpo: era o local do crime.
Tudo indicava que o assassino não havia conseguido realizar seu intento de transladar o cadáver e o deixou pelo caminho. Larvas de besouros, que só iniciam seu trabalho mais tarde, foram achadas onde o corpo havia sido deixado, possibilitando estimar quando o criminoso retornou ao local do crime para escondê-lo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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